Causa: Afogamento
O medo inundou-me
Uma vez mais dou-lhe a mão, a princípio a medo, fingindo, encobrindo todo o mal que me vai… ele ganha terreno… até que, de repente, me ganha, me rouba, me viola. Aperta-me a mão (e apesar de eu dizer que não) ele insiste em seguir na minha direcção. Já sou toda dele, deixei de controlar a situação, aparece-me nos sonhos, faz-me gemer durante a noite, alucinar, pensar, pensar, pensar, alucinar.
Já nada faz sentido, é ele quem fala, é ele quem dita as regras, é ele que ordena aos meus músculos os movimentos estranhos que o satisfazem, é ele quem controla o cérebro fazendo-o projectar planos em preto (eu sinto-me perdida numa infindável dor de cabeça que simboliza apenas a minha entrega, a minha perda) …e toda eu deixo de ser eu para ser ele.
Incapacidade! Absolutamente incapaz de qualquer coisa, da mais simples à mais complexa.
Sou o Medo, é este o meu nome. Olá, chamo-me Medo, perdi-me a contar a minha idade, tenho as moradas do Universo, sou gordo do alimento que todos me dão. Vou a passear pela rua, páro em frente a uma qualquer porta, entro sem licença, apago as luzes (prefiro o escuro) … apago a luz da vida… instalo-me, o tempo que quiser… instalo-me!
A noite já não me pertence, já é toda estranha, cheia de calafrios, suores, arrepios que invadem todo o corpo (que já não é meu, o corpo rendido), imagens negras, vultos aterradores, suspiros, gritos de socorro abafados na aspereza do Medo.
Os dias são passos de desespero, de solidão, dor, sofreguidão. Já não fujo à situação, acredito nela, dou a mão ao meu desespero, sento-me à mesa com o meu assassino, sirvo-o com o melhor vinho e satisfaço-me ao vê-lo satisfeito. (as suas vontades começam a ser as minhas)
Projectos??? Não ousaria tê-los, nem por um minuto. Se abro a janela deixando soltar um raio de luz… o Medo, o Medo grita-me, ralha-me, insulta-me, cospe-me, ata-me e amordaça-me, apontando-me a sua pior arma suga-me… inunda-me dele!
Mergulho. O ar vai-se esgotar…
Um, dois, três
Ele não me deixa suster a respiração, o sofrimento é tudo quanto me permite, a dor veloz que me atormenta é o seu alimento, a minha derrota a sua vitória, enterrar-me viva o seu caminho.
Suga-me.
Sinto-me ser levada para o abismo. Abrem-me a alma, enfiam-lhe uma palhinha, bebem-me os sonhos, um a um… num doloroso tempo imenso (e eu a assistir. Compro pipocas, sento-me na primeira fila e assisto ao espectáculo) até que resta… o nada, um absoluto, redondo e obscuro nada.
Ponto final. Termo. Estou a ser sugada e a comer pipocas na primeira fila.
Uma vez mais dou-lhe a mão, a princípio a medo, fingindo, encobrindo todo o mal que me vai… ele ganha terreno… até que, de repente, me ganha, me rouba, me viola. Aperta-me a mão (e apesar de eu dizer que não) ele insiste em seguir na minha direcção. Já sou toda dele, deixei de controlar a situação, aparece-me nos sonhos, faz-me gemer durante a noite, alucinar, pensar, pensar, pensar, alucinar.
Já nada faz sentido, é ele quem fala, é ele quem dita as regras, é ele que ordena aos meus músculos os movimentos estranhos que o satisfazem, é ele quem controla o cérebro fazendo-o projectar planos em preto (eu sinto-me perdida numa infindável dor de cabeça que simboliza apenas a minha entrega, a minha perda) …e toda eu deixo de ser eu para ser ele.
Incapacidade! Absolutamente incapaz de qualquer coisa, da mais simples à mais complexa.
Sou o Medo, é este o meu nome. Olá, chamo-me Medo, perdi-me a contar a minha idade, tenho as moradas do Universo, sou gordo do alimento que todos me dão. Vou a passear pela rua, páro em frente a uma qualquer porta, entro sem licença, apago as luzes (prefiro o escuro) … apago a luz da vida… instalo-me, o tempo que quiser… instalo-me!
A noite já não me pertence, já é toda estranha, cheia de calafrios, suores, arrepios que invadem todo o corpo (que já não é meu, o corpo rendido), imagens negras, vultos aterradores, suspiros, gritos de socorro abafados na aspereza do Medo.
Os dias são passos de desespero, de solidão, dor, sofreguidão. Já não fujo à situação, acredito nela, dou a mão ao meu desespero, sento-me à mesa com o meu assassino, sirvo-o com o melhor vinho e satisfaço-me ao vê-lo satisfeito. (as suas vontades começam a ser as minhas)
Projectos??? Não ousaria tê-los, nem por um minuto. Se abro a janela deixando soltar um raio de luz… o Medo, o Medo grita-me, ralha-me, insulta-me, cospe-me, ata-me e amordaça-me, apontando-me a sua pior arma suga-me… inunda-me dele!
Mergulho. O ar vai-se esgotar…
Um, dois, três
Ele não me deixa suster a respiração, o sofrimento é tudo quanto me permite, a dor veloz que me atormenta é o seu alimento, a minha derrota a sua vitória, enterrar-me viva o seu caminho.
Suga-me.
Sinto-me ser levada para o abismo. Abrem-me a alma, enfiam-lhe uma palhinha, bebem-me os sonhos, um a um… num doloroso tempo imenso (e eu a assistir. Compro pipocas, sento-me na primeira fila e assisto ao espectáculo) até que resta… o nada, um absoluto, redondo e obscuro nada.
Ponto final. Termo. Estou a ser sugada e a comer pipocas na primeira fila.
2 Comments:
Foda-se, escreves bem cumó caralho.. Por acaso não queres escrever na minha rabista? Tenho la uns espaço para o Cinema.. como vi q curtes ver filmes, comer pipocas e essas cenas.. pensei q fizésse-mos uma boa dupla de 4! Só uma sugestão.. contacta-me via qq merda caso estejas interessada babe! Agora vai escrevendo q eu vou tar literalmente de olho bem aberto..
Pequenas palavras que prefazem um grande texto. Gostei.
E viva a prosa!
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