November 03, 2009

Desperta.dor


Invades-me o sonho e agitas o meu corpo que dorme, fazes-me tua, és dono do meu pensamento. E eu sonho… sem querer acordar, sem querer continuar. E eu acordo… uma cama gigante nasce por entre um sonho falhado, onde estás? O que te aconteceu?
As noites são tuas e minhas. Não são bonitas. Ladrão de fantasias.

E eu pergunto apenas, entre o sonho e a alucinação, se alguma vez roubei as tuas noites

June 08, 2009

Inevitável

Quero ser um nada. Breve e vazio nada
Só para parar de tentar ser tudo.
Tudo é queda inevitável
E eu quero saber que não há mais lugar para onde cair
Breve e solitário nada. Sem ilusão
Porque já não há esperança de ser outro se não um mudo e simples nada

April 29, 2009

Pátio das Químicas


Não sei por onde começar.
De volta, estou de volta.
Sinto que fiquei sem palavras.
Como se, de cada vez que abro a boca, elas não soassem a verdade. Porque eu deixei de saber a verdade, talvez.
Tudo se move a uma velocidade diferente da minha, nada me agarra, pouco me toca.
Caminho e não me sinto mover.
Quero chegar ao fim e não encontro o início.
Percebo que a vida é de uma fragilidade imensa e sobreviver é de uma dor irreal.
Mas depois do hoje vem sempre o amanhã.
O segredo? A cura? A resolução? Não existem... é a caminhar que se faz o caminho.

September 06, 2008

Tempestade tropical



Que saibas que é um amor demasiado grande para que caiba apenas num corpo. Que é uma dor tão dura que tenho dificuldades em descrevê-la.
Ver-te como se fosse a ultima vez. Olhar-te pela janela da saudade e absorver cada traço teu sem que disso te apercebas, imaginar o teu cheiro sem precisar de o sentir e o choque que logo pasma o meu corpo com a possibilidade de nunca mais o sentir…de nunca mais o sentir para além da forma que todas as outras pessoas o podem sentir.
Ver-te assim, sem que te apercebas da minha dor, faz com que doa ainda mais. Como se fosse impossível não a sentires, como se fosse apenas desprezo.

E por onde andará a mão gigante que mal encaixa na minha, mas a sabe segurar tão bem? Que sabores beberão os lábios nem grossos nem finos se não os meus?
Diz-me, por onde andará a minha alma sem paz? Como aguentará o meu corpo tamanha dor? Como aguentará ele não se perder e deixar morrer?

São estes os momentos em que o desespero mergulha na esperança e me faz não conseguir apagar a luz que te chama, a luz que já não me chama mas ainda pisca, a luz do teu nome.
E como se explica a nós próprios que o que sentimos tem de morrer, se tudo é ainda tão forte… tão forte!

July 29, 2008

O mistério da lua


O cheiro que te navega na pele alucina a minha calma.

As tuas mãos grandes que já percorreram tanta vida, enrouquecem a minha voz incapaz.

O teu olhar reprovador doma a minha rebeldia de miúda mais nova.

Os teus passos firmes sem necessidade de afirmação abalam o meu chão que estremece.

Os teus lábios perfeitos e indiferentes fervem o meu sangue e eu arranho as minhas paredes que rangem e gritam o amor que te tenho.


Dizer-te assim, na tua serenidade e na minha incapacidade de te imitar, que os meus dias correm com os nossos passos, que o meu sorriso são os teus olhos e a tua ausência é dor que não quero viver. Dizer-te assim, nesta agitada correria da minha alma, que te amo e te agradeço.

May 19, 2008

Chegada da guerra


Cabeça num corpo cansado.
Cabeça cansada num corpo que se deixou.
Quantas lutas terei eu ainda de travar? Quantas vezes vou carregar a espada pesada demais apenas para duas mãos? Serei eu capaz? Mais uma vez?
A vida não vem em paz? Tem de vir em doses individuais ora de felicidade ora de amarga dor?
Sim, tenho de ser capaz de ser feliz apenas comigo. Mas será errado querer ter quem acorde com os meus defeitos e se deite com as minhas paixões?

April 29, 2008

A pele morena

Se te disser que dói, assim em todo lado, sem aviso, sem pedir para doer, sem sequer se importar que dói?
È esta saudade, esta ausência desenfreada que me atropela os passos, me come as vontades e me deixa apática. É este vazio, esta falta da tua voz que me arranha o peito, sufoca. É a distância que não consigo suportar, esse tom gélido, essa indiferença que imagino a escorregar dos teus olhos castanho amargo.
Não pedi, veio sem querer. Não preciso chamar, a dor vem em passos bem marcados, como se usasse saltos altos. Bastante superior a tudo o que eu construo, ela vem e arremessa-me contra a parede. Gosta de me ver assim.
Conto os minutos dos dias que não passam, conto pelos dedos. Peço para que acabe e perco-me pelo medo que tenho de nunca mais te ver da mesma forma.
Se te disser que dói, assim em todo lado, que me agarro à barriga para que as lágrimas não escorram dos meus olhos verde-triste? Se te disser, tem importância para ti?
É este corpo sedento de ti que não consigo suportar, é esta mescla de memórias felizes, cheiros únicos e toques vagabundos que não consigo domar, que, às vezes, me fazem continuar e outras desistir… por não saber o que virá, pelo medo de esperar. Não sei esperar e, no entanto, aqui estou eu à tua espera.