April 29, 2008

A pele morena

Se te disser que dói, assim em todo lado, sem aviso, sem pedir para doer, sem sequer se importar que dói?
È esta saudade, esta ausência desenfreada que me atropela os passos, me come as vontades e me deixa apática. É este vazio, esta falta da tua voz que me arranha o peito, sufoca. É a distância que não consigo suportar, esse tom gélido, essa indiferença que imagino a escorregar dos teus olhos castanho amargo.
Não pedi, veio sem querer. Não preciso chamar, a dor vem em passos bem marcados, como se usasse saltos altos. Bastante superior a tudo o que eu construo, ela vem e arremessa-me contra a parede. Gosta de me ver assim.
Conto os minutos dos dias que não passam, conto pelos dedos. Peço para que acabe e perco-me pelo medo que tenho de nunca mais te ver da mesma forma.
Se te disser que dói, assim em todo lado, que me agarro à barriga para que as lágrimas não escorram dos meus olhos verde-triste? Se te disser, tem importância para ti?
É este corpo sedento de ti que não consigo suportar, é esta mescla de memórias felizes, cheiros únicos e toques vagabundos que não consigo domar, que, às vezes, me fazem continuar e outras desistir… por não saber o que virá, pelo medo de esperar. Não sei esperar e, no entanto, aqui estou eu à tua espera.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Deus!
É isso tudo..como eu sei o que isso é..
Parabéns..

3:07 PM  
Anonymous Anonymous said...

A espera dói porque evoca o passado e antecipa o futuro.

9:11 AM  

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