Constança
Olá!
Como vais? Não sei se reparaste, mas dizem por aí que os dias estão maiores.
No meu telhado continuam a suar gotas de chuva que caem no chão da minha casa destruída… isto mais parece uma barraca.
Fartei-me de pedir ajuda à assistência social. Disseram-me que estava gordita, de bom aspecto, provavelmente lá me andaria a desenrascar.
Quem disse que a necessidade não engorda?
Continuo a apanhar o comboio que me espalha pelos apeadeiros. Engraçado, às vezes a viagem passa a voar, outras há em que tenho de empurrar os segundos para que se desenrolem.
A praia. A praia de todos. Hoje entreguei-me. Queres falar sobre o tempo?
Há dias para morrer? Morre-se todos os dias.
Continuas bonita a andar de bicicleta? Quando rodamos os pedais para trás a bicicleta não se mexe, até que tombamos.
Caíste hoje?
Fui buscar a mãe ao hospital. Ela falava de coisas estranhas, estrangeiras a mim, entraram-me nas hemácias com tal força que deixou de haver espaço para o oxigénio.
Sabes, … deixa lá, não me apetece despedir. Despeço-me para a próxima, pode ser?
Como vais? Não sei se reparaste, mas dizem por aí que os dias estão maiores.
No meu telhado continuam a suar gotas de chuva que caem no chão da minha casa destruída… isto mais parece uma barraca.
Fartei-me de pedir ajuda à assistência social. Disseram-me que estava gordita, de bom aspecto, provavelmente lá me andaria a desenrascar.
Quem disse que a necessidade não engorda?
Continuo a apanhar o comboio que me espalha pelos apeadeiros. Engraçado, às vezes a viagem passa a voar, outras há em que tenho de empurrar os segundos para que se desenrolem.
A praia. A praia de todos. Hoje entreguei-me. Queres falar sobre o tempo?
Há dias para morrer? Morre-se todos os dias.
Continuas bonita a andar de bicicleta? Quando rodamos os pedais para trás a bicicleta não se mexe, até que tombamos.
Caíste hoje?
Fui buscar a mãe ao hospital. Ela falava de coisas estranhas, estrangeiras a mim, entraram-me nas hemácias com tal força que deixou de haver espaço para o oxigénio.
Sabes, … deixa lá, não me apetece despedir. Despeço-me para a próxima, pode ser?
6 Comments:
"Morre-se todos os dias." Perfeito, simples, dizes tudo
"Constança"...
Assim me chamaria se a natureza tivesse sido ruim para mim. =P
Neste caso, e como Hemingway diria, uma pequena pérola preciosa!
=)
*s
pode sempre haver uma próxima.beijos
Um belíssimo texto.
a gente sobrevive, vive e morre.
a gente se sente estrageiro de nós mesmos..
o bom?
é que tudo passa!
te beijo
Nefertari
todos os dias morremos na cama, como quem morre na praia para renascermos no dia a seguir, mais cansados, mais velhos e mais belos.
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