November 13, 2006

Hoje eu não me recomendo


Ouço Sigur Ros, apago a luz, esvazio os olhos, os dedos desenham-se em palavras que agarram a lembrança do teu adeus.
Percorro com o olhar vago o chão onde nos amámos, onde agora se acumula o pó das estrelas que morreram.
Com a batida da música serena recubro o corpo frio com as recordações dos teus dedos, do teu cheiro, dos teus passos, da tua presença, da tua respiração...
Não consigo parar a música, todo este espaço faz de ti omnipresente. Gostava de escrever, saem apenas rascunhos de um nós que partiu.
Caem lágrimas que te choram, que te tocam na eternidade de um tempo adimensional. De mim nada mais sabes. De ti ficam os restos que colecciono, reconstruindo diariamente a presença da tua ausência.
Faço a cama contigo lá deitado, levanto-me sem fazer barulho com medo de te acordar, endireito a tua escova de dentes no copo, deixo-te um bilhete na toalha de banho lavada, como se ainda aqui estivesses, como se não houvesse adeus.
No fim, fico-me já sem palavras, já sem dor... apenas vazio.
O vazio de um amor que não soube acabar.

Será que para ti a noite também ficou mais fria?
Música no Castelo: Sigur Ros - Hoppipolla

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Sentidos que trazem memórias e nos fazem presos do passado...
E “No fim, fico-me já sem palavras, já sem dor... apenas vazio.” “En ég stend alltaf upp.”

Desde o que se vê quando se lê, passando pelo que faz lembrar, indo até ao que deixa para imaginar, gosto de tudo!

7:00 PM  

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