August 25, 2007

Mentir a vida

Fotografia de ~f205

Fiz o jantar para dois, sobrou a tua comida. O prato intocável, o talher na mesma posição.
Esqueci-me de te esquecer.
Tinha tomado o banho que os enamorados tomam… a água quente no corpo que viaja sonhador, o creme que escorrega com o lembrar da mão do outro a navegar e queimar cada pedaço de pele que toca.
Imaginei roupas, só consegui pensar em ti a despir-me com tantos sonhos quanto eu.

É já fim de noite. Eu, a caneta e o mar.
Sozinha para não ter de esconder os meus olhos.
Chega de poesias. Palavras que rimam, vírgulas em sítios coerentes, parágrafos quando só quero continuar.

Lá em baixo, casais em passos que esquecem a vida. De que importa a vida se está tudo ali… o amor. Ele e Ela. Que saudades!
Em que lugar do mundo outra coisa importa?

Quem escreve é o coração. E, simples, ele diz:
Todos os passos que dou sentem falta do som dos teus pés a caminharem do meu lado.

Finjo aguentar os restos que me atiras. Até toco o sino com a tromba quando me dás uma moeda. Mas à noite, quando me deito, a cama que antes parecia pequena, nasce gigante… e os sonhos são só pesadelos que ajudam as horas passar na esperança vã que um dia voltes à casa que ainda é tão e só tua.


August 24, 2007

Agreste


Posso-te morder essa paz e beber os teus dias? Todos de um só trago tamanha a sede que sinto de ti.
Brincar com as tuas horas feitas de minutos sempre iguais.
Deixa-me gritar-te ao ouvido e agarrar-te pelo cabelo como quem segura uma vida de alucinações que não ousas provar pelo medo que tens de gostar.
Cortar-te os sons e estrelas do olhar, dar-te alguma raiva, fazer com que queiras mais do que o teu corpo pode ter.Deixa. Deixa que eu vou adorar dar e tirar, levar-te à loucura e ao êxtase… de me ter