June 22, 2007

Hábitos


Caneta na mão, velho hábito.
De volta às palavras para que me ensinem a suportar a tua ausência.
Tornas imbecis todos os meus movimentos. Nada faz sentido se não estás. E tu não estás.
Tento fingir e prosseguir. Caminho pelas ruas lá fora enquanto os meus passos se esquecem e o coração corre pelos trilhos do que foi a vida contigo.
Posso tentar esquecer, apagarei os gestos teus que o meu corpo te copiou, mas este coração tosco há-de sempre procurar o caminho de volta a ti.
Como se explica a um coração que perdeu? O coração não entende perder. É a nossa alma que chora pelo coração incapaz de largar a esperança. O coração não sabe chorar, o coração espera. Acredita. Sorte maldita.

Acabaram as forças que te pediram para o esqueceres.
Quero-te dizer que o tempo tudo levou de mim. Jazem os teus restos, em silêncio mortal. Flores vermelhas desbotam com as últimas lágrimas que caem. É a partida. Aqui te deixo, como já te deixei em mil sítios diferentes ao longo da minha estrada. Mais uma vez, aqui te deixo.

A tua ausência?
A ausência há-de ser sempre o teu mapa.
Ensina ao meu coração a palavra perder. Eu preciso perder-te.