A pele morena
Se te disser que dói, assim em todo lado, sem aviso, sem pedir para doer, sem sequer se importar que dói?È esta saudade, esta ausência desenfreada que me atropela os passos, me come as vontades e me deixa apática. É este vazio, esta falta da tua voz que me arranha o peito, sufoca. É a distância que não consigo suportar, esse tom gélido, essa indiferença que imagino a escorregar dos teus olhos castanho amargo.
Não pedi, veio sem querer. Não preciso chamar, a dor vem em passos bem marcados, como se usasse saltos altos. Bastante superior a tudo o que eu construo, ela vem e arremessa-me contra a parede. Gosta de me ver assim.
Conto os minutos dos dias que não passam, conto pelos dedos. Peço para que acabe e perco-me pelo medo que tenho de nunca mais te ver da mesma forma.
Se te disser que dói, assim em todo lado, que me agarro à barriga para que as lágrimas não escorram dos meus olhos verde-triste? Se te disser, tem importância para ti?
É este corpo sedento de ti que não consigo suportar, é esta mescla de memórias felizes, cheiros únicos e toques vagabundos que não consigo domar, que, às vezes, me fazem continuar e outras desistir… por não saber o que virá, pelo medo de esperar. Não sei esperar e, no entanto, aqui estou eu à tua espera.

